As escolhas de Amor

Eu tinha que escolher. 


Quando estava no secundário apaixonei-me por um rapaz mais velho do que eu 2 anos. Eu sabia que para ele também não era indiferente, mas nunca tivemos nada. Tudo ficou pelos olhares e pelos comentários dos nossos amigos. Os meses foram passando e os anos também, cada um foi para o seu lado. Eu sei que ele foi estudar para Aveiro e eu acabei por parar a Braga. Sei que nunca conseguiria esquecer aquele homem. Sei que ele me faria sorrir e com ele me sentiria feliz. Não sei se o sentimento, passados alguns anos era o mesmo. Continuávamos a ver-nos, aos fins-de-semana. Frequentávamos os mesmos cafés, não éramos vizinhos, mas não vivíamos longe um do outro e por acaso passávamos um pelo outro e olhávamos-nos. Mas nunca, nunca passou disso.
Num fim-de-semana, no café habitual vi-o a entrar de mão dada com uma rapariga. Senti o meu coração a partir, não sei explicar, mas foi doloroso. A esperança que tinha desapareceu. Ninguém notou mas eu deixei de acreditar no amor, num amor que nem sabia se era real.
O tempo foi passando, eu fui vivendo e conheci na Universidade um homem espectacular, ele adorava-me, tratava de mim como eu achava que só aquele rapaz conseguiria fazer. Ele olhava-me nos olhos e dizia: "Amo-te" e eu nunca duvidei do seu amor. Mas eu nunca consegui dizer-lhe essa palavra, nunca lhe consegui corresponder. Para disfarçar beijava-o, muito, para que não conseguisse lembrar-se de me perguntar, algum dia, porque não lhe respondia.
Sabem, acabei o curso e ainda estava com este homem espectacular  Ele continuava a cuidar de mim como no primeiro dia e eu pensava o porque de não conseguir ama-lo. Ele já conhecia os meus pais, e eu os dele. A verdade é que quando dei conta tínhamos um namoro bastante sério, mas eu sabia que não devia acreditar no amor e que isso me impedia de dizer a palavra mágica. Passado um ano, e como as nossas vidas corriam bem ele pediu-me em casamento, foi no meu dia de anos, um pedido maravilhoso, como algumas mulheres esperam ter e pela qual eu nunca pensei passar. Não, não recusei. Aceitei na hora porque eu sabia que não ia encontrar ninguém assim para a minha vida e também pela pressão de ser pedida em casamento, acho que quem ler vai entender.
Os dias foram passando, os meses voaram e passou ano e meio. Faltava um dia para o meu casamento, e naquele café que eu ia quando ia adolescente passou pelo meu caminho. Decidi entrar, decidi ter o meu último contacto com o local que me fez deixar de acreditar no amor. Sentei-me ao balcão, pedi um café, a porta volta-se a abrir e era ele, que entrou, o rapaz por quem me apaixonei no secundário. Voltámos-nos a olhar nos olhos, sem dizer uma palavra. Ele sentou-se ao meu lado, era um homem feito, lindo de morrer. Pediu um pingo directo. Sem olhar para mim disse-me: "A miúda com quem entrei aqui de mão dada era minha prima, não era minha namorada. Nunca namorei porque apenas te queria a ti."
Não queria acreditar no que estava a ouvir. Nunca imaginei que o que eu pensei durante tantos anos pudesse ser mentira. Olhei para ele, e ele sorriu para mim. Não sabia o que dizer. Mas a verdade é que aquilo fez-me bem. Paguei o café, saí e assim que encontrei aquele que seria o meu futuro marido disse-lhe: "Amo-te". Ele beijo-me, e no final perguntou-me como tinha descoberto que era o homem da minha vida. A resposta foi fácil: És o único homem que me amou estes anos todos, esperando pacientemente pelo dia de hoje e isso só te faz quem te ama. E eu descobri que o amor platónico existe mas que esse não estará ao nosso lado nas alegrias, nas tristezas, na saúde e na doença, nos sorrisos e nas discussões. Apenas aparecerá numa rua, num café e nunca te dirá que te ama, apenas se desculpará.


Comentários

  1. Qualquer escolha que façamos, quase sempre magoamos alguém.
    Há que saber escolher as pessoas que não queremos magoar, se bem
    que nas questões do coração, é tudo muito complicado.

    Obrigada pelas palavras e a visita no meu Abraço:)

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